ARAGUATINS
O primeiro caso da Covid-19 em Araguatins é de um auxiliar de enfermagem que atua no Hospital Municipal da cidade. O paciente, que se encontra em isolamento domiciliar, reside em Imperatriz onde também trabalha na saúde; por conta disso, o caso não será computado no Tocantins. Ele teria adquirido o coronavírus durante atendimento a pacientes no Maranhão.
A informação foi trazida pelo advogado Alday Machado, em vídeo postado nas redes sociais, e reiterada na Rádio Sucesso FM, na manhã deste domingo, 3.
Segundo o advogado, o Secretário de Saúde tinha conhecimento de que o servidor poderia estar contaminado e mesmo assim não o afastou do trabalho; tendo, o auxiliar, realizado atendimento a gestantes, crianças e idosos nos dias 21, 22 e 23 de abril, no Hospital de Araguatins, quando já apresentava sintomas do coronavírus.
“O que poderia ser um lugar de refúgio (o hospital) poderá ser, talvez, o maior polo de infecção de coronavírus (...) porque os profissionais que estão lá estão sem EPI, não são ouvidos pela gestão pública, e a ambulância que está carregando suspeitos de coronavírus para Augustinópolis não está sendo desinfectada”, afirma Alday Machado.
A direção do hospital não quis se posicionar, mas fontes de dentro do hospital confirmam que o paciente é mesmo o auxiliar de enfermagem, e que ele trabalha em regime de plantão em Araguatins e também no Socorrão de Imperatriz.
A mesma fonte confirma, também, que os profissionais da saúde municipal estão usando máscaras produzidas por costureiras e esterilizadas na autoclave, o que não é indicado. “Esse tipo de máscara é indicado somente para a população, mas não para os profissionais de saúde”, ressalta, sem querer se identificar.
Direito de Resposta e denúncia de omissão
O advogado Alday Machado já havia usado do direito de resposta para se pronunciar na Rádio Sucesso FM, depois de ter sido citado em áudio do prefeito Cláudio Santana. Tudo teve inicio após um comentário do advogado sobre uma fala nas redes sociais, em que o prefeito teria dito que “se esse vírus chegar para nós não há jeito, é correr da sala para a cozinha” e em que teria falado também que não haveria sequer local onde enterrar as possíveis vítimas da Covid-19 no município.
Na opinião do advogado, não é possível o prefeito declarar que vai correr da sala para a cozinha diante de um problema tão grave; para ele é dever do gestor se manifestar com soluções e “não se acovardar diante da situação porque é ele quem tem orçamento para isso”. Na ocasião, Alday disse ainda que o “discurso vitimista de que não tem dinheiro só cabe com população desinformada”.
Ele alerta que o prefeito diz estar sem dinheiro para o combate ao coronavírus, mas, que ao conferir o Portal da Transferência verificou um saldo de cinco milhões de reais nas contas do município, entre receita arrecadada e despesa liquidada. No dia seguinte, porém, o Portal estava fora do ar e retornou à noite já com novas informações, apresentando entre arrecadação e despesas um saldo de dois milhões de reais.
O advogado diz que o prefeito assumiu que o Portal estava com erros; o que segundo ele é inadmissível, uma vez que o Portal é sério e exige atualização imediata.
Alday aponta uma dotação orçamentária específica de mais de duzentos e cinquenta mil em recursos de convênios da União para socorrer os municípios na luta contra o coronavírus; comenta a abertura de crédito extraordinário de quinhentos mil reais, e questiona a necessidade de contratar consultoria sobre o coronavírus ao custo de trinta mil reais.
Neste domingo, Alday reiterou sua fala e disse estar cumprindo seu papel de cidadão solicitando informações mais precisas. Ele disse que o prefeito está “escondendo informação da sociedade” e sendo omisso em não atender às obrigações com o Portal da Transparência.
Alday argumentou também que existe um protocolo de atendimento que especifica o tipo de máscara e dos demais equipamentos de proteção a ser utilizado pelos profissionais de saúde. “As máscaras usadas pelos profissionais de saúde estão sendo produzidas em fundo de quintal”, disse.
Alday afirmou que está protocolando ação na justiça para que o judiciário tome providências e obrigue o prefeito a cumprir a lei. “Estamos solicitando, entre outras coisas, a desinfecção total do Hospital Municipal e a compra imediata de equipamentos de proteção individual (EPI) a todos os trabalhadores da saúde”.
O advogado questionou ainda um posicionamento da Câmara Municipal de Araguatins, que por conta do silêncio, nos faz projetar que se encontra realmente em quarentena.
Constrangimento
Na tarde deste domingo, o advogado Alday Machado postou outro vídeo no qual acusa o diretor do Hospital Municipal e o Secretário de Saúde de Araguatins de tentativa de constrangimento durante sua fala na Rádio Sucesso FM; o advogado fez Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia de Araguatins.