TOCANTINENSE
Empresa privada notificou CBF após constatar com base em mercado de apostas, suspeita de manipulação do resultado da partida que rendeu ao TEC vitória de goleada por 6 a 0.
O jogo entre Tocantins e o Tocantinópolis Esporte Clube (TEC), válido pela 3ª rodada do Tocantinense de futebol, realizado em 19 de fevereiro, é alvo de investigação por possível violação de integridade de partida para manipulação do resultado. A partida garantiu ao TEC uma vitória de goleada por 6 a 0 contra o Tocantins.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) notificou através de ofício, no dia 17 de março, o Tribunal de Justiça Desportivo do Tocantins (TJD/TO) e o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), para instauração de procedimento que apure a suposta fraude. As informações constam em circular da Federação Tocantinense de Futebol datada desta quarta-feira, 22.
Um relatório da empresa Sportradar, que integra o Sistema Universal de Detecção de Fraudes (UFDS), emitido com base em análise do mercado de apostas e enviado à CBF, apontou haver indícios claros de influência ou manipulação para definição do resultado da partida.
“Há evidências claras e incontestáveis oriundas dos mercados de apostas fornecendo embasamento para a conclusão de que o curso ou o resultado desta partida foi influenciado ou manipulado ilegalmente com o intuito de auferição de ganhos patrimoniais ilícitos”, apontou a empresa.
No documento consta análise de atuação de jogadores do Tocantins com base em imagens transmitidas durante a partida, com o apontamento de que o clube tenha atuado como “cúmplice na manipulação do resultado” da partida.
O relatório cita dois momentos de atuação da equipe do Tocantins, com atuação suspeita. “No minuto 5 da partida (0:0), após passe errado do atacante do Tocantins Fábio Júnior, o primeiro gol da partida viria a ser marcado (1:0)”.
Na sequência são apontadas outras duas jogadas. “No minuto 31 (3:0), o defensor Rayandson Gonçalves Diniz não obteve êxito em interceptar um passe na área, no que viria a culminar no quarto gol da partida (4:0)”.
A empresa ainda apontou ao clube mandante da partida, que ocorreu no estádio João Ribeiro, atuação que “não denotam vasta superioridade do Tocantinópolis, que realizou somente dois remates à baliza durante o período” durante o primeiro tempo de jogo. “Neste período, a análise de mercado aponta que de acordo com as movimentações das apostas, as cotações se comportaram de forma incompatível com o cenário comum de mercado”.
Apostas monitoradas registraram um interesse anormal e altamente suspeito no mercado de totais de gols, “em especial com suporte maciço dos apostadores para a marcação de quatro e cinco gols na partida”.
Posicionamento dos clubes
O Tocantinópolis afirmou que não é investigado e disse que “repudia esse tipo de comportamento, se tiver ocorrido por parte dos atletas do Tocantins”. Por telefone, o presidente do clube, Vagner Novais, afirmou ainda que para o bem do futebol é importante que as entidades estejam atentas para esse tipo de comportamento.
“É para o bem dos dirigentes, para os bem dos clubes, é bom ter fiscalização até para uma proteção aos clubes que fazem um futebol de forma correta e honesta. Jogadores que tiverem más intenções já ficam preocupados pois sabem que está havendo fiscalização”, disse Vagner.
O gerente de futebol do Tocantins, Carlos Dias, comentou que se confirmadas as irregularidades apontadas, todos os envolvidos devem ser responsabilizados e apoiou a abertura de procedimentos investigativos.
“Tanto o jogador como a comissão técnica, os envolvidos no fato, precisam ser culpados. A nossa parte do clube foi feita, quando a gente desconfiou de algo do que poderia estar acontecendo ali, a partir daquele momento nós mandamos todo mundo embora que a gente achou que estava nesse meio. [...] Não tínhamos provas concretas mas na desconfiança é melhor mandarmos embora do que deixar darem continuidade”, finalizou.
Dias relatou ainda que quando o clube desconfiou de irregularidades, atuou com a expulsão de suspeitos, toda a comissão técnica e seis jogadores. “Essa foi a atitude que o clube teve que tomar. Não teríamos como tomar outra atitude a não ser essa", disse.