SUPERAÇÃO
Aos 19 anos, o morador de Darcinópolis, Paulo de Tasso Araújo, nunca conseguiu um emprego formal. Ainda criança, ele descobriu que tinha epilepsia. Mas não desistiu. Decidiu apostar em uma profissão que ficou esquecida, a de engraxate. Por mês, consegue atender até 30 clientes e lucrar de R$ 2 a R$ 3 mil.
Por causa da trajetória de luta, Paulo ganhou respeito dos moradores de Darcinópolis. "Tem vez que ele adoece, passa mal, mas trabalha. Quando ele vem à tarde, ele passa aqui de novo me mostrando o dinheiro que ele ganhou lá. Eu acho muito bonita a história dele", argumentou a aposentada Maria Ribeiro Moraes.
Além de atender na cidade onde mora, Paulo também pega a van todos os dias e segue pela BR-153 com destino a Araguaína. No segundo maior município do Tocantins, ele fez amigos e ganhou admiradores.
"O Paulo surpreeendeu a todos com uma profissão que há certo tempo já vinha sendo esquecida, de uma cidade vizinha, com problemas de saúde e foi cativando tanto os clientes, quanto os funcionários", disse o gerente de vendas Fernando Rocha.
"Tem o nosso respeito, tem o apoio nosso e tem o apoio da comunidade. Todo mundo admira muito ele", argumentou o vendedor Valdevânio Pereira.
A renda que consegue por mês ajuda no sustento da casa onde vivem a mãe e a irmã. Com 19 anos, o engraxate está cheio de sonhos. "Eu queria ser advogado ou médico. Meu sonho é um dia conseguir chegar lá".
Ele aproveita para deixar consegulhos. "Você deve trabalhar, seja no que for, vendendo balinha, vender qualquer coisa. Antes você ser vendedor autônomo, porque ganha mais".
O engraxate ainda não sabe até quando vai continuar andando pelas ruas da cidade com uma caixinha no ombro. Por enquanto, ele quer apenas seguir em frente usando a graxa e os sapatos para construir sua própria história. (G1)