''IST SEM ESTIGMA"
“IST sem estigma” é desenvolvido pela acadêmica Victória Régia Figueredo, de Medicina, e orientado pela professora – e sua mãe – Sylla Figueredo, docente do mesmo curso.
Discutir sobre saúde sexual e incentivar a testagem em massa para o rastreamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), em Augustinópolis e na região do Bico do Papagaio, são os objetivos primordiais do projeto “IST sem estigma”, da acadêmica do 4º período de Medicina da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) Victória Régia Figueredo Carvalho, do Câmpus Augustinópolis.
Essa poderia ser apenas mais uma das pesquisas e dos projetos incríveis desenvolvidos pela Instituição, não fosse uma peculiaridade: o “IST sem estigma” é orientado pela professora Sylla Figueredo, mãe da Victória. Juntas, mãe e filha se propõem a discutir, pesquisar e disseminar informações sobre os riscos das relações sexuais desprotegidas, tornando esse projeto mais que uma simples iniciativa: um ideal de vida compartilhado pelas duas.
Aos 20 anos de idade, Victória Régia, tocantinense de Palmas, conta que chegou à Universidade primeiro que sua mãe, mas inspirada, principalmente, por ela. “Minha mãe é enfermeira, mestre e doutora e minha maior inspiração. Acompanhei ela durante minha vida toda, a vi envolvida com pesquisas e projetos de extensão [em outras instituições onde passou], cuidando das pessoas, sempre muito empática. Isso me inspirou. Antes de fazer Medicina, fiz Engenharia Elétrica, mas não me identifiquei. Cursei apenas dois semestres e tranquei. Quando estava pensando sobre o que gostaria de fazer lembrei dessas experiências dela e escolhi a área da saúde”, compartilhou a acadêmica que é da I Turma de Medicina da Unitins.
O projeto de extensão tocado pelas duas é resultado do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Extensão (Pibiex), da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários, uma iniciativa da Universidade para estimular o desenvolvimento dessas ações. Desde que foi iniciado, no ano passado, já promoveu duas testagens em massa na cidade de Augustinópolis por meio de uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde.
Docente do colegiado de Medicina há menos de um ano, a professora Sylla lembra que o convite para integrar o projeto partiu da Victória. “Quando passei a fazer parte do quadro de professores ela me convidou para ser orientadora dela nesse projeto. Eu sempre comentava sobre alguns casos [que vivenciou], algumas situações que são importantes para pensarmos em trabalhar, temáticas pouco debatidas e muito estigmatizadas, e assim surgiu o projeto, mas foi uma ideia dela, uma iniciativa dela”, contou a genitora.
A relação professora-aluna
Apesar de não ter assumido nenhuma disciplina regular com a turma da Victória, a professora conta que chegou a dar algumas reposições de aula para a filha. “É tudo muito tranquilo, é um processo respeitoso, ao mesmo tempo que é muito bom saber que estou contribuindo com a formação da minha filha, fazendo com que ela seja uma profissional mais humanizada. É um grande privilégio, me sinto muito honrada”.
Quanto ao desempenho da acadêmica como pesquisadora, a mãe da Victória também se enche de orgulho ao compartilhar. “Ela é muito proativa, a gente conversa, faz reuniões, eu dou algumas sugestões, ela traz outras e já corre atrás [do que é necessário para realizar], entra em contato com os nossos parceiros do projeto e resolve. É sempre muito dedicada e competente”.
IST sem estigma
Além de mãe e filha, o projeto também conta com a participação voluntária de outros acadêmicos do curso de Medicina, que atuam, principalmente, durante as coletas realizadas.
“O projeto já realizou duas testagens em massa na população e está planejando uma roda de conversa sobre saúde sexual e prevenção combinada, incluindo testes rápidos a cada dois ou seis meses e uso de PrEP e PEP, que será realizada em parceria com a Unidade de Saúde da Família do bairro Boa Vista, no final deste mês. A intenção é trazer a PrEP para Augustinópolis, visto que é um meio de prevenção disponível pelo Ministério da Saúde, mas que ainda não está disponível na cidade. O projeto também tem uma vertente de pesquisa, coletando dados sobre o perfil epidemiológico das ISTs na região”, explicou Victória.
A diretora do Câmpus Augustinópolis, Gisele Padilha, comemorou a iniciativa de mãe e filha. “Essa é uma daquelas histórias inspiradoras que temos muito orgulho de dizer que é do Câmpus Augustinópolis. Sempre dizemos por aqui que somos uma família, mas temos esse e muitos outros casos de mães, filhos, pais, irmãos que compartilham o curso de graduação. Quando vemos essas pessoas se unindo para fomentar a pesquisa e a extensão, é algo realmente muito poderoso”.
Para a pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários, Kyldes Batista Vicente, “o projeto é de extrema relevância em termos de atendimento ao público e de presença da Unitins na comunidade. Além disso, é um projeto que vem sendo desenvolvido muito bem pela acadêmica Victória e pela professora Sylla, trazendo um resultado bastante importante, tanto no processo de capacitação e de teorização sobre o assunto, quanto nas ações. Quando o projeto é proposto por uma família, então, é bastante importante. Uma oportunidade única de contribuir com a sociedade. As duas estão de parabéns”, pontuou.