Kemilly foi avaliada pelo cirurgião na segunda-feira (2). Segundo Calil, a criança será submetida a sessões de depilação a laser, pelo menos uma vez por mês.
“Vamos começar com muita cautela para evitar os riscos de lesão na pele. Primeiro, será tratada a região da face, que é a que mais incomoda, e depois passaremos para o pescoço e assim por diante. Tudo vai depender de como ela reagirâ€, explicou o médico.
O cirurgião ressaltou que todo o procedimento será feito com anestesia, para que a menina não sinta dor. “Todos os menores de 12 anos que fizerem qualquer tratamento a laser no HMI recebem anestesia inalatória, que além de mais segura não deixa a criança traumatizada com o ambienteCalil enfatizou que, logo após a consulta, foi solicitado ao Sistema de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS) a autorização para o tratamento. “Não acredito que haverá qualquer impedimento por parte deles. De qualquer forma, o HMI quer ajudar essa criança, e faremos de tudo para tratá-laâ€, afirmou.
A famÃlia de Kemilly mora em Augustinópolis, no Tocantins, e buscou ajuda na capital goiana após inúmeras consultas médicas. Segundo o pai, o eletricista Antônio de Souza, de 34 anos, todos estão ansiosos pelo inÃcio das sessões a laser. “Isso é tudo o que a gente queria. Não dá para descrever a felicidade que sentimos ao receber a ajuda, pois isso vai mudar a nossa vida completamenteâ€, disse ao G1.
De acordo com o eletricista, antes de ir ao HMI, a menina foi avaliada pelos médicos do Hospital das ClÃnicas. “Apresentamos 13 exames que foram solicitados e, realmente, o caso da Kemilly é genético. Eles disseram que o melhor a fazer mesmo é o procedimento a laser e que não haveria problemas de ela iniciar agora. Além disso, o médico Calil foi muito bem recomendado e, por isso, não tivemos dúvidas em aceitar a ajudaâ€, ressaltou.
A famÃlia pretende continuar morando em Augustinópolis e virá para a capital uma vez por mês para o tratamento. “Não temos condições de nos manter aqui. Ainda mais porque tenho meu trabalho lá e não posso abandoná-lo. Já conversei com meu chefe e ele foi muito compreensivo, disse que sempre que eu precisar viajar para o tratamento ele vai me liberarâ€, explicou Antônio, que contou que precisará da ajuda do governo do Tocantins para custeio das passagens de ônibus.
Após a primeira sessão a laser, a famÃlia pretende voltar para casa. “Ainda nesta sexta-feira (6), se Deus quiser, iremos embora. AÃ, em janeiro, voltaremos para mais uma aplicaçãoâ€, afirmou o pai.
Segundo o eletricista, apesar de todo o sacrifÃcio, ver a filha sem pelos como qualquer criança valerá a pena. “Daqui a pouco, ela estará na fase escolar, e o tratamento fará toda a diferença. Mesmo sabendo que os resultados virão daqui a dois ou três anos, não vamos desistir. Não tenho palavras para agradecer a todos os que nos ajudaram de alguma forma a conseguir essa ajudaâ€, concluiu o pai, emocionado.Preconceito“Já fizemos de tudo o que se possa imaginar para tentar descobrir o que ela tem. Felizmente, ela é saudável e se desenvolve como uma criança normal. O problema mesmo é o excesso de pelos em todo o corpo. Só os pés e as mãos delas não têmâ€, destacou.
Segundo a mãe, a aparência de Kemilly causa espanto em muitas pessoas, e a famÃlia já foi hostilizada várias vezes. Com isso, evita sair de casa. "Até ao parquinho que tem nas proximidades de casa eu deixo de ir, pois as outras crianças se afastam dela e os pais também não conseguem esconder o espanto. É uma situação muito constrangedora", lamenta.
Ainda segundo a dona de casa, a menina ainda não entende de fato o que acontece com ela, mas já percebe que é diferente. “Quando ela vê outra criança, fica olhando e se esconde no cantinho. Uma vez, ela já me perguntou por que tinha tanto "cabelo", e eu disse que era normal. Mas ela insistiu e pediu para que eu os arrancasse. Meu coração ficou partidoâ€, lembrou PatrÃcia.
A menina já recebe acompanhamento psicológico na cidade onde mora, mas a mãe teme que o excesso de pelos faça com que ela cresça traumatizada. "Já flagrei mais de uma vez a Kemilly tentando arrancar os pelos dos braços sozinha. É claro que dói, e aà ela para. Por enquanto, eu converso com ela, o pai brinca e ela acaba se distraindo. Mas até quando? Mesmo que não tenha uma cura definitiva, vamos fazer o necessário para que ela possa se sentir igual aos outros", afirmou a mãe.