TO-010
Uma das rodovias que motivaram a Operação Ápia, da Polícia Federal, foi a TO-010 entre Ananás e Araguatins. O trecho é de pouco mais de 80 quilômetros e menos de 10 foram asfaltados. As obras deram início em 2014. No mesmo ano, o governo disse que 50% das obras tinham sido concluídas.
A operação Ápia foi iniciada na última quinta-feira, 13, e culminou com a prisão de 17 pessoas, incluindo o ex-governador do estado Sandoval Cardoso (SD), que assinou a ordem de serviço para as obras da TO-010. Ele é suspeito de participar de um esquema de fraudes em licitações.
A TO-010 é uma das 29 rodovias que receberam obras para a realização de terraplanagem e pavimentação asfáltica. Algumas foram iniciadas, mas não foram concluídas. Conforme as investigações, o esquema era dividido por núcleos, nos quais políticos, servidores e empresários faziam parte. A polícia disse que na fase da execução das obras, alguns fiscais atestavam serviços que possivelmente não foram executados.
O produtor rural Cristiano Cassiano Guedes mora às margens da rodovia. Todos os dias, ele percorre cerca de 40 km de motocicleta e reclama da obra parada. "A gente não consegue vender os produtos da gente. Se tivessem asfaltado, teríamos como vender em Ananás, em Araguatins e estávamos vendendo na porta".
Além disso, os acidentes no local são constantes, segundo a lavradora Lucia de Almeida. "Acidentes, mortes. Tudo já aconteceu com esse cascalho solto. Teve um menino que passou de moto, deslizou no cascalho solto, bateu a cabeça e morreu", relembrou.
Em 2014, o governo do Tocantins divulgou no próprio site as obras de pavimentação da TO-010. No texto, a informação era de que 50% do trabalho de terraplanagem estavam concluídos. A nota destacava também que somente para a pavimentação foram investidos R$ 71 milhões para um trecho de 81 quilômetros.
Quando esteve no local para assinar a ordem de serviço, o então governador do estado Sandoval Cardoso (SD) falou que a obra era importante para as famílais que viviam da agricultura familiar.
Procurada, a assessoria de imprensa do atual governo ainda não informou se pretende dar continuidade às obras.
Empréstimos
As obras desta e de outras 28 rodovias foram pagas com dinheiro público obtido via empréstimos. O superintendente regional da PF no Tocantins, Arcelino Vieira, explicou que os contratos foram divididos em três fontes de recursos.
A primeira chamada de Pró-Investe. Nesta o Banco do Brasil intermediou recursos do BNDES na ordem de R$ 535 milhões. A outra linha de crédito foi chamada de Pró-Estado I, com um empréstimo de R$ 250 milhões e Pró-Estado II, uma terceira linha de crédito de R$ 260 milhões. O dinheiro do Pró-Estado I e II veio da Áustria.
Segundo a investigação da PF as três linhas somavam R$ 1,2 bilhão e os prejuízos podem ultrapassar R$ 200 milhões.