POLÃCIA
Quatro seguranças contratados pela mineradora Vale foram autuados suspeitos de agredir dois trabalhadores rurais, em Canaã dos Carajás, sudeste do Pará, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (3) pela Polícia Civil. As vítimas foram espancadas enquanto faziam o reparo em uma cerca que faz divisa da terra em que trabalham os agricultores com as propriedades da Vale. Por meio de nota, a mineradora alega que os seguranças agiram para impedir “a tentativa de invasão da área”.
O caso ocorreu no último dia 27, por volta de 11h30. O fazendeiro e seu filho consertavam a cerca que separa as terras em que trabalham e as propriedades da mineradora Vale, em uma fazenda, perto da área onde a empresa mantém o projeto S11D, para exploração do minério de ferro no complexo minerário na região da Serra dos Carajás. As vítimas alegaram que o conserto da cerca era para impedir que o gado deles saísse do terreno e passasse para dentro da área da Vale.
Segundo um dos agricultores agredidos, de 46 anos, houve um acordo firmado na Vara Agrária de Marabá em que a mineradora seria responsável em cercar toda estrada onde está situado o ramal ferroviário, por onde passa o trem da empresa. No momento em que faziam o serviço, explicaram as vítimas, foram agredidos a socos e chutes, e coronhadas na cabeça, pelos seguranças armados de uma empresa privada contratada pela mineradora.
De acordo com o agricultor, além das agressões físicas, os seguranças fizeram ameaças e teriam usado spray de pimenta. Os seguranças foram enquadrados em um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por lesão corporal e irão responder ao processo na Justiça.
Vale alega 'tentativa de invasão'
Em nota, a Vale informou que “houve uma tentativa de invasão em área de propriedade da empresa, por um grupo de cerca de 10 pessoas”, e que o grupo tentou “construir uma cerca de um quilômetro além de sua fazenda, ou seja, dentro de propriedade privada da empresa”.
A empresa nega que a equipe de segurança tenha agido com truculência. "A abordagem foi feita na tentativa de diálogo com as lideranças como demonstrado na imagem, quando a equipe foi surpreendida com a agressão física por parte dos invasores, fraturando o nariz do inspetor de segurança", informou a Vale.
Ainda de acordo com a nota, a equipe de segurança da empresa, em ato de legítima defesa contra a agressão e em desforço imediato, impediu a continuidade da invasão da propriedade.
Sobre a alegação referente à cerca, a Vale diz que não procede qualquer pendência da empresa em relação ao assunto. A propriedade continha as devidas cercas e as mesmas já foram quebradas por cinco vezes, conforme boletim de ocorrência registrado na Policia de Canaã, mesmo com a placa de propriedade particular. (G1)